Trailer de "Bem Bom"
A propósito da recente nomeação do jovem actor Nuno Nolasco para os Prémios CinEuphoria 2022, vimo-nos obrigados a ver a versão para cinema do filme realizado por Patrícia Sequeira, "Bem Bom" sobre o percurso meteórico e icónico da banda dos anos 80 "Doce". Já na versão televisiva, o destaque de Nuno Nolasco era notório. Desta forma, cremos ter havido um gentil equívoco, pois a corporalidade e presença de Nuno Nolasco na história faz dele actor principal e torna subsidiária a categoria de actor secundário.
Na realidade, Nuno é o verdadeiro actor "Space Blue", encaixado no mundo feminino salutar através da personagem do costureiro "Zé Carlos", arquitecto do feminino e, convínhamos, de um certo e determinado masculino. "Bem Bom" é um filme sobre quatro mulheres densas, mas onde se destaca, na sombra e na subtileza, um homem: Zé Carlos e, por conseguinte, Nuno Nolasco. É caso para inverter o antigo ditame e bradarmos aos quatro ventos: por trás de uma grande mulher, está sempre um grande homem. No entanto, nunca é demais destacar o trabalho de equipa do elenco, produção e argumento. Tudo tem textura e tecido corpóreo, mas Nuno Nolasco é tecelagem máxima na composição do seu personagem. "Estrela terrena", transporta o espectador para a discrição e subtileza de um subplot: a verdadeira história de amor na trama é entre Zé Carlos e Laura ou "Laurinha". Entre filia e ágape, Zé Carlos declara-se sob o manto da voz penetrante de Nuno: "eu faço tudo por ti, meu amor". São a verdadeira história de amor secreto de "Bem Bom" e a força motriz vem de uma química que se traduz, no caso de Nuno Nolasco, em pele como essência, muito para lá da ousadia, arrojo, sorriso e esgares superlativos. Zé Carlos é sonho, mas o prémio real pertence ao actor Nuno Nolasco, em jogo de espelhos constante, encolhendo-se e aumentando-se até se perceber simplesmente a sua alma protectora perante os mais excluídos.
Laura Diogo
(Ana Marta Ferreira)
Nuno Nolasco joga definitivamente "fora do baralho" e não é Joker, é "Às de Ouros". Ou na versão Zé Carlos implorando a Laurinha que nunca deixe de ser ela própria quando ela é tentada a desistir dos cabelos loiros na maior declaração de apoio e amor genuínos, em pura alquimia. Embora Nuno Nolasco esteja ausente a maior parte do tempo ao longo do filme e série, é realmente um dos actores mais presentes que nos presenteia, passando um propositado pleonasmo, com uma visão e ideia de representação insuperáveis incorporando a libertação feminina e, em simultâneo, também, do verdadeiro masculino em modo máquina de costurar. Esta história é antiga, clássica de tão moderna. E Nuno Nolasco é aquele tipo de actor que tem tudo para ser - talvez porque já o é - intemporal.
Se Zé Carlos enverga elegantemente a sua chávena de chá e transpira Londres por todos os poros, Nuno Nolasco não lhe fica atrás se lhe retirarmos as máscaras ao ritmo mais afinado e em câmara lenta. Laura, a mais discriminada e frágil. Zé Carlos, o mais respeitador. 2021 viu nos grandes e pequenos ecrãs uma das mais belas histórias de amor. E neste sentido, a nomeação de Nuno Nolasco merece um prémio que à partida já está ganho: o prémio da liberdade. E muito provavelmente com direito a agradecimento à incondicionalidade e ao som de "Night" de Plastic People...
"Night", Plastic People
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